quarta-feira, fevereiro 15, 2017

Jorge Ferrão nega ter inibido uso de minissaias nas escolas moçambicanas

O antigo ministro da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), actualmente reitor da Universidade Pedagógica (UP), Jorge Ferrão, diz que em nenhum momento proibiu o uso de mini-saias nos estabelecimentos do ensino público moçambicano, assunto que gerou pandemônio e debate na sociedade.
Por conta desta situação, uma cidadã de nacionalidade espanhola, Eva Anadon Moreno, foi humilhantemente detida e deportada 30 de Março do ano passado, por participar, na companhia de outras cidadãs, numa reunião pública cujo fim era reivindicar o término da violência contra a rapariga nas escolas.
Na altura, algumas correntes intenderam que Eva Moreno e as mulheres na sua companhia contestavam a decisão, supostamente do MINEDH, que obrigava as alunas a abandonar o uso de saias cuja bainha fica bem acima dos joelhos.
Aliás, a confusão não parou por aí, a magistrada Benedita Langa foi também presa no Aeroporto de Mavalane quando tentava evitar a deportação de Eva Moreno, pois considerava-se a sua expulsão do país ilegal, facto que, mais tarde, foi corroborado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ordenando a realização de um inquérito cujo desfecho ainda é publicamente desconhecido.
Nesta segunda-feira (13), Jorge Ferrão, a aproveitou a reunião com os professores e estudantes da UP, por ocasião da abertura do ano lectivo académico 2017 [abertura formal terá lugar em Março], para desabafar, dizendo que jamais “proibi as meninas” de trajarem saias curtas. “Eu precisava dizer isto”.
“O Conselho de Ministros perguntou-me [sobre o assunto] e fiquei mal, sem o que dizer porque não tinha nada a ver com aquilo”, disse, acrescentando que devido a este mal-entendido, foi-lhe atribuído a cognome de “homem das minissaias”.
De acordo com o ex-governante, agora reitor da UP, quando ouviu sururus em torno das saias, algumas demasiadas curtas, que as miúdas usavam na escola, procurou, num dos encontros com os pais e encarregados de educação, directores de estabelecimentos de ensino e professores, o que se passava.
Ocorreu, na sequência, que alguns pais e encarregados de educação pediram autorização e autonomia para agirem no sentido parar de uma vez por todas com o uso de minissaias nas escolas, explicou o reitor.
Segundo ele, nem sequer se pronunciou a favor ou contra o que se pretendia fazer, mas volvidos alguns dias, os meninas já trajavam saias decentes, na sua maioria até ao calcanhar.
Apesar da confusão que se instalou por causa disso, Jorge Ferrão disse ter percebido que, o sucesso obtido pelos mentores da iniciativa, deixou claro que “o ensino no país só pode mudar [para o melhor] se os pais tomarem conta das nossas escolas”.
A terminar, Ferrão afirmou que desse episódio concluiu que, sem dúvidas, é preciso vestir de forma decente na escola e “é um lugar que exige disciplina”.

Fonte: @verdade – 15.02.2017

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